A eleição acabou, e Bolsonaro é o
presidente eleito do Brasil. Ultrapassada a etapa da campanha presidencial mais
acirrada desde a redemocratização, a ponto do presidente eleito ter sido alvo
de um atentado contra a sua vida, é o momento de serenar os ânimos e, distante
das paixões político-partidárias, examinar o que representa verdadeiramente a
eleição do Mito. Longe de um risco para a democracia, a eleição de um candidato
mais a direita no espectro político representa o resgate da pluralidade de ideias,
que é a essência de um regime democrático.
Para se chegar a essa conclusão, é
preciso ter em mente que, por décadas, o debate político foi conduzido por
intelectuais refugiados na imprensa e nas universidades a partir da instalação
do regime militar em 1964. A partir da abertura na década de 80, jornalistas e
professores universitários alinhados a ideologias socialistas consolidaram uma
hegemonia no pensamento político nacional através de uma técnica quase
terrorista de constranger e hostilizar qualquer pessoa que desafiasse discordar
das suas verdades absolutistas. Esses intelectuais estabeleceram premissas que,
através da repetição incessante e irrefletida, transformaram-se em dogmas.
Nesse contexto, debater com um esquerdista pressupõe a aceitação do dogma, limitando-se a discussão a questões
periféricas. Ou seja, o esquerdista até aceita discutir com você, desde que
você concorde com ele na essência. Assim, por exemplo, a imposição de cotas
para negros nas universidades é tida como uma compensação por uma dívida
histórica originária do regime escravocrata que vigorou até o fim do século XIX
no Brasil. É possível discutir o percentual das cotas, se 10, 20 ou 50%, mas não
se discute as cotas em si. Debater outras formas de compensação ou sugerir que não
haja compensação alguma é simplesmente proibido por afrontar o dogma que se
pressupõe uma verdade universal, inquestionável e, por isso, irremediavelmente
aceita. Aqueles que ousam desafiar o
dogma são logo rotulados como fascistas, racistas, machistas e tantos outros
“istas” tão comuns na verborragia histérica dos militantes vermelhinhos.
A patrulha ideológica que cercou o
universo intelectual nacional foi tão eficiente que conseguiu calar
praticamente todos os ícones liberais e conservadores, alijando-os de qualquer
debate político ou acadêmico. O resultado disso foi o esvaziamento do debate,
se é que se pode chamar de “debate” o monólogo travado entre os intelectuais em
círculos de mútua bajulação e idolatria. O presidente eleito representa
simplesmente uma abertura para o retorno ao tabuleiro político de ideais liberais
e conservadores. Apesar do jeito às vezes truculento, Bolsonaro expõe as suas
opiniões de maneira franca e sincera sem medo de ferir as suscetibilidades do
politicamente correto. Ao agir assim, ele encoraja a direita envergonhada
(obrigado Elio Gaspari!) a sair das sombras para defender as suas teorias sobre
política, economia, costumes e tantos outros assuntos de interesse nacional. Não
se pretende impor essas ideias goela abaixo, mas simplesmente lançá-las ao
debate, quebrando a hegemonia dos tons vermelhos.
O pluralismo político é um dos
fundamentos da democracia. O consenso que se estabeleceu sobre muitas questões
polêmicas é mais falso que uma nota de três reais, porque foi sonegado ao
público o direito de conhecer posicionamentos divergentes. Só a discussão
plural permite que o observador atento tenha elementos seguros para emitir a
sua opinião racionalmente, a partir da reflexão acerca de vários pontos de
vista sobre temas complexos. Com a internet e as redes sociais, a esquerda, que
domina as mídias tradicionais pelegas, já perdeu o controle sobre a definição da
pauta de debates nacionais. O temor agora é perder também o privilégio de impor
as suas ideologias sem ser importunada por inconvenientes contestadores de
outro espectro político. Com a eleição do Mito, a tendência é que esses pseudoconsensos
sejam revisados e muitas polêmicas, novamente discutidas. No fundo, o staff esquerdista tem medo mesmo é de uma
boa discussão. Mas fiquem tranquilos, afinal uma surra de ideias não machuca
ninguém.
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