quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Caminho aberto para a direita envergonhada


A eleição acabou, e Bolsonaro é o presidente eleito do Brasil. Ultrapassada a etapa da campanha presidencial mais acirrada desde a redemocratização, a ponto do presidente eleito ter sido alvo de um atentado contra a sua vida, é o momento de serenar os ânimos e, distante das paixões político-partidárias, examinar o que representa verdadeiramente a eleição do Mito. Longe de um risco para a democracia, a eleição de um candidato mais a direita no espectro político representa o resgate da pluralidade de ideias, que é a essência de um regime democrático.

Para se chegar a essa conclusão, é preciso ter em mente que, por décadas, o debate político foi conduzido por intelectuais refugiados na imprensa e nas universidades a partir da instalação do regime militar em 1964. A partir da abertura na década de 80, jornalistas e professores universitários alinhados a ideologias socialistas consolidaram uma hegemonia no pensamento político nacional através de uma técnica quase terrorista de constranger e hostilizar qualquer pessoa que desafiasse discordar das suas verdades absolutistas. Esses intelectuais estabeleceram premissas que, através da repetição incessante e irrefletida, transformaram-se em dogmas. Nesse contexto, debater com um esquerdista pressupõe a aceitação do dogma,  limitando-se a discussão a questões periféricas. Ou seja, o esquerdista até aceita discutir com você, desde que você concorde com ele na essência. Assim, por exemplo, a imposição de cotas para negros nas universidades é tida como uma compensação por uma dívida histórica originária do regime escravocrata que vigorou até o fim do século XIX no Brasil. É possível discutir o percentual das cotas, se 10, 20 ou 50%, mas não se discute as cotas em si. Debater outras formas de compensação ou sugerir que não haja compensação alguma é simplesmente proibido por afrontar o dogma que se pressupõe uma verdade universal, inquestionável e, por isso, irremediavelmente aceita.  Aqueles que ousam desafiar o dogma são logo rotulados como fascistas, racistas, machistas e tantos outros “istas” tão comuns na verborragia histérica dos militantes vermelhinhos.

A patrulha ideológica que cercou o universo intelectual nacional foi tão eficiente que conseguiu calar praticamente todos os ícones liberais e conservadores, alijando-os de qualquer debate político ou acadêmico. O resultado disso foi o esvaziamento do debate, se é que se pode chamar de “debate” o monólogo travado entre os intelectuais em círculos de mútua bajulação e idolatria. O presidente eleito representa simplesmente uma abertura para o retorno ao tabuleiro político de ideais liberais e conservadores. Apesar do jeito às vezes truculento, Bolsonaro expõe as suas opiniões de maneira franca e sincera sem medo de ferir as suscetibilidades do politicamente correto. Ao agir assim, ele encoraja a direita envergonhada (obrigado Elio Gaspari!) a sair das sombras para defender as suas teorias sobre política, economia, costumes e tantos outros assuntos de interesse nacional. Não se pretende impor essas ideias goela abaixo, mas simplesmente lançá-las ao debate, quebrando a hegemonia dos tons vermelhos.

O pluralismo político é um dos fundamentos da democracia. O consenso que se estabeleceu sobre muitas questões polêmicas é mais falso que uma nota de três reais, porque foi sonegado ao público o direito de conhecer posicionamentos divergentes. Só a discussão plural permite que o observador atento tenha elementos seguros para emitir a sua opinião racionalmente, a partir da reflexão acerca de vários pontos de vista sobre temas complexos. Com a internet e as redes sociais, a esquerda, que domina as mídias tradicionais pelegas, já perdeu o controle sobre a definição da pauta de debates nacionais. O temor agora é perder também o privilégio de impor as suas ideologias sem ser importunada por inconvenientes contestadores de outro espectro político. Com a eleição do Mito, a tendência é que esses pseudoconsensos sejam revisados e muitas polêmicas, novamente discutidas. No fundo, o staff esquerdista tem medo mesmo é de uma boa discussão. Mas fiquem tranquilos, afinal uma surra de ideias não machuca ninguém.

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