O Brasil foi derrotado pela
Alemanha também no futebol. Uma onda de frustração inundou o solo brasileiro. Tristeza,
humilhação, vergonha, fiasco, vexame... Essas foram algumas das expressões que
mais se ouviu das pessoas entrevistadas pela imprensa após o jogo. Confesso que
não sofri qualquer abalo emocional em razão da desclassificação, mesmo perdendo
por incríveis 7 a 1, afinal isso faz parte do jogo. Há muitos outros vexames nacionais,
esses sim motivos para entristecer e envergonhar qualquer cidadão brasileiro.
Por exemplo, é triste ver pessoas
agonizando e morrendo na fila dos hospitais públicos a espera de atendimento, enquanto
o governo “importa” às pressas médicos estrangeiros, porque é incapaz de atrair
para os quadros da rede pública profissionais formados aqui. Fiasco é manter interditado
por mais de 20 anos o símbolo de uma capital, como é a Ponte Hercílio Luz em
Florianópolis, enquanto aguarda a conclusão da sua reforma, porque no Brasil é
normal obras públicas não terminarem no prazo, serem mal feitas e ainda com
sobrepreço de 10, 20 ou 30%. Humilhação é andar rodeado de cocô nas grandes
cidades, inclusive em muitas daquelas que foram sede da Copa do Mundo, porque não
há saneamento básico, um serviço que, como o próprio nome informa, é básico. Vergonha
é ver milhares de brasileiros voluntariamente se fazerem escravos da Fifa sob o
pretexto de aprender a “complexa” tarefa de conferir bilhetes de ingresso nas
catracas dos estádios. E no futebol, vexame mesmo é um atleta brasileiro
admitir que perdeu propositalmente um pênalti em um jogo decisivo só porque não
gostava do técnico, como foi o caso de Roger do Corinthians, reflexo de uma educação
que não ensina o mínimo sobre dever e responsabilidade.
Antes mesmo de a seleção
brasileira entrar no gramado do Mineirão, o Brasil já perdia de goleada para a
Alemanha no PIB, na educação, na saúde, na tecnologia, enfim em todos os
aspectos do desenvolvimento humano e material. Incrivelmente, a derrota nesses
outros campos não parece incomodar ninguém. Em um país que sofre tantas
mazelas, a derrota em uma partida de futebol, que não deixa ninguém mais pobre,
não deveria abater tanto os brasileiros. Definitivamente, o Brasil não precisa
de um hexacampeonato de futebol. Precisa é de um choque de realidade.
Leandro Govinda
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