quarta-feira, 9 de julho de 2014

Os verdadeiros vexames brasileiros




O Brasil foi derrotado pela Alemanha também no futebol. Uma onda de frustração inundou o solo brasileiro. Tristeza, humilhação, vergonha, fiasco, vexame... Essas foram algumas das expressões que mais se ouviu das pessoas entrevistadas pela imprensa após o jogo. Confesso que não sofri qualquer abalo emocional em razão da desclassificação, mesmo perdendo por incríveis 7 a 1, afinal isso faz parte do jogo. Há muitos outros vexames nacionais, esses sim motivos para entristecer e envergonhar qualquer cidadão brasileiro.

Por exemplo, é triste ver pessoas agonizando e morrendo na fila dos hospitais públicos a espera de atendimento, enquanto o governo “importa” às pressas médicos estrangeiros, porque é incapaz de atrair para os quadros da rede pública profissionais formados aqui. Fiasco é manter interditado por mais de 20 anos o símbolo de uma capital, como é a Ponte Hercílio Luz em Florianópolis, enquanto aguarda a conclusão da sua reforma, porque no Brasil é normal obras públicas não terminarem no prazo, serem mal feitas e ainda com sobrepreço de 10, 20 ou 30%. Humilhação é andar rodeado de cocô nas grandes cidades, inclusive em muitas daquelas que foram sede da Copa do Mundo, porque não há saneamento básico, um serviço que, como o próprio nome informa, é básico. Vergonha é ver milhares de brasileiros voluntariamente se fazerem escravos da Fifa sob o pretexto de aprender a “complexa” tarefa de conferir bilhetes de ingresso nas catracas dos estádios. E no futebol, vexame mesmo é um atleta brasileiro admitir que perdeu propositalmente um pênalti em um jogo decisivo só porque não gostava do técnico, como foi o caso de Roger do Corinthians, reflexo de uma educação que não ensina o mínimo sobre dever e responsabilidade.

Antes mesmo de a seleção brasileira entrar no gramado do Mineirão, o Brasil já perdia de goleada para a Alemanha no PIB, na educação, na saúde, na tecnologia, enfim em todos os aspectos do desenvolvimento humano e material. Incrivelmente, a derrota nesses outros campos não parece incomodar ninguém. Em um país que sofre tantas mazelas, a derrota em uma partida de futebol, que não deixa ninguém mais pobre, não deveria abater tanto os brasileiros. Definitivamente, o Brasil não precisa de um hexacampeonato de futebol. Precisa é de um choque de realidade.

Leandro Govinda

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