Os seres humanos não são iguais. Ao contrário, somos em tudo diferentes: na aparência, no modo de pensar, nos sonhos, nos objetivos de vida.
Quando estava na faculdade de Direito, ouvia que um jovem que não fosse socialista não tinha coração, enquanto um adulto que continuasse socialista não tinha cérebro. Enquanto universitário, custava a acreditar nessa quase premonição. Como todo jovem de bom coração, eu também acreditava nos ideais socialistas, em especial no mito da igualdade. Por isso, alimentava a vã esperança de que era possível construir uma sociedade igualitária. Mas, inevitavelmente, a gente vai crescendo e virando adulto. E como adulto comecei a perceber algumas evidências do falacioso discurso socialista.
Dia desses, a pretexto de conhecer mais sobre a história da Alemanha, país que me interessa visitar, assisti a um documentário do canal History Channel sobre a construção e a queda do muro de Berlim, disponível no YouTube. Muito educativo para quem deseja obter uma mostra da ruína representada pelo regime socialista. O muro, como quase todos devem saber, foi construído para marcar a divisão das duas Alemanhas após a segunda guerra mundial. Na verdade, descobri nesse documentário que o muro servia para isolar a Berlim ocidental do mundo socialista. A Alemanha foi dividida, mas Berlim ficou inteiramente na porção oriental. Como se tratava da capital alemã, os aliados quiseram também dividi-la. Assim, a cidade ficou metade capitalista, metade socialista. O problema é que muitos cidadãos residentes na metade socialista começaram a achar que era uma boa ideia mudar para o lado capitalista. Começou uma demandada geral, o que gerou o risco de colapso da economia da recém-nascida República “Democrática” Alemã (que de democrático só tinha o nome, obviamente), pois a mão-de-obra necessária para a reconstrução da nação socialista estava preferindo fugir para prestar seus serviços para a concorrente nação capitalista.
Essa parte poucos professores de história ensinam para os estudantes secundaristas. Mas eis aí uma boa evidência acerca do fracasso político e econômico dos regimes socialistas. Ora, bastou ser instalado o regime socialista na porção oriental da Alemanha para que os alemães, que não são burros, resolvessem migrar para a porção ocidental. Claro que nem todos quiseram fazer essa opção. Fora aqueles que não o fizerem por medo de serem alvejados por balas disparadas por algum dos milhares de soldados que vigiavam o muro, por certo muitos acreditaram que ficar sob a ditadura socialista era uma boa opção. Todavia, por mais que a propaganda da ditadura da República “Democrática” Alemã tentasse convencer os cidadãos sob o seu jugo de que o regime socialista era melhor, foi necessário construir um muro, ornamentá-lo com cercas de arame farpado, fazer barricadas, instalar minas terrestres e colocar dezenas de milhares de soldados para impedir a saída daqueles que resistiam acreditar na propaganda oficial. Se o regime fosse tão bom quanto aparecia na propaganda, a tendência seria justamente o inverso: todo mundo ia querer se mudar para o lado oriental. O estranho é que esse movimento migratório inverso não acontecia, ou seja, ninguém do lado capitalista queria se mudar para o lado socialista. Hmm.. interessante...
Note-se que essa migração em massa ainda hoje é uma marca dos países socialistas. Certamente os leitores sabem que tem muita gente querendo fugir de Cuba, da Venezuela, da Bolívia e da Coréia do Norte para viver nos países capitalistas. Na fronteira do Brasil com a Venezuela, o movimento de imigração de cidadãos venezuelanos já criou um problema sério para os governos locais, que não sabem o que fazer com essa população, na maioria formada por pessoas sem qualquer qualificação e que, por isso, geram mais prejuízos do que benefícios para a nação.
Mas por que os indivíduos fogem do socialismo como o diabo da cruz? O socialismo não é sinônimo de uma vida justa e igual para todos? Por que, então, as pessoas querem fugir do “paraíso” socialista e se meter no “inferno astral” do mundo capitalista?
Eu arrisco um palpite: a igualdade, que é o pressuposto e o fim do regime socialista, não existe. Os seres humanos não são iguais. Ao contrário, somos em tudo diferentes: na aparência, no modo de pensar, nos sonhos, nos objetivos de vida. Uns são magros, outros são gordos, uns são baixos, outros, altos; tem gente que gosta de viver na praia, e outros preferem o campo. Eu gosto de rock n’ roll e não compreendo como alguém pode gostar de funk ou eletrônica. Apesar disso, não posso proibi-las de apreciarem o seu som, afinal gosto não se discute. Simplesmente aceito que as pessoas não são iguais e, portanto, têm gostos, aptidões e desejos diferentes. Sendo assim, qualquer regime que tente igualar as pessoas só pode dar errado, pois força elas serem o que não são.
Por outro lado, há algo em comum nas pessoas que reconheci a partir da minha experiência como Promotor de Justiça lidando com os piores tipos de indivíduos, como estupradores de crianças. Apesar de serem a escória da humanidade, tenho que admitir que uma coisa nos identifica (e é só isso, que fique muito claro): o apreço que temos pela liberdade. Homicida, estupradores, ladrões, corruptos, traficantes são criminosos que diferem muito nos seus objetos de desejo e no modo de agir, mas todos, sem exceção, almejam a sua liberdade quando estão presos.
É essa liberdade que as ditaduras socialistas e comunistas negam para os seus cidadãos. Inclusive, a liberdade de escolher entre ficar ou partir. E não é por outro motivo que invariavelmente os cidadãos sob o domínio desses regimes tentam fugir para os países capitalista. O que essas pessoas buscam é o direito de serem livres para perseguirem os seus próprios objetivos e traçarem o seu próprio destino, buscando aquilo que elas e só elas julgam ser sua realização pessoal e a causa da sua felicidade. O resto é conversa fiada.
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