sábado, 2 de fevereiro de 2019

O conselho de Simon Bolívar para Jean Wyllys


Simon Bolívar, um dos ícones esquerdistas do século XIX, ao fugir da Colômbia, escreveu uma carta ao General Flores, governante do Equador, dizendo que, após 20 anos de governo, tinha algumas certezas, entre as quais a de que "a única coisa a se fazer na América é ir embora" (1). Atento a esse conselho e supostamente por sofre ameaças de morte, o ex-deputado Jean Wyllys renunciou ao seu mandato e também fugiu. O parlamentar não revelou o seu destino, mas aposto que deve ser alguma nação civilizada, desenvolvida e, claro, capitalista, afinal não passa pela cabeça dos esquerdistas viverem em Cuba, Venezuela, Bolívia ou Coréia do Norte.

Particularmente, não condeno a opção de Jean. Trata-se de uma decisão inteligente e sensata e não oportunista. Acredito sinceramente que ele tenha mesmo receio de ser assassinado. Esse pesadelo é compartilhado por todos os brasileiros, pois vive-se num dos países mais violentos do mundo. São sessenta mil vidas ceifadas violentamente ano após ano no Brasil. Um cidadão por aqui tem mais chance de ser baleado ou esfaqueado do que um soldado em combate na Síria. Nesse contexto, a melhor saída para o Brasil é o mesmo aeroporto. Quem tem condições, pode e deve ir embora, como já o fizeram tantos artistas globais, modelos e empresários, que, por vezes, até conservam os seus negócios no Brasil, mas salvam as suas famílias da selvageria das metrópoles tupiniquins. A ponte aérea agora não é mais Rio-São Paulo, mas Rio-Miami, o destino preferido desses brasileiros afortunados, inclusive daqueles que, por aqui, vociferavam contra o imperialismo do Tio Sam.

O oportunismo de Jean consiste em explorar politicamente a sua opção pessoal de mudar de país para desfrutar de uma vida mais tranquila e segura. Só faltou combinar com os diretores da Vale. O plano do ex-deputado foi atropelado pela tragédia de Brumadinho. A lama da barragem da mineradora soterrou centenas de vidas e, por tabela, varreu o calor dos holofotes que Jean tanto ansiava. Que azar. Jean deveria ter a decência de admitir que está indo embora porque o seu projeto pessoal de poder naufragou e, diante do novo cenário político nacional, tem pouco ou nada para contribuir com a nação. É infantil e ridículo querer tratá-lo como um exilado político, como o fizeram os esquerdopatas em fase mais aguda das suas doenças mentais.

Se as ameaças sofridas são verdadeiras, a decisão de Jean, além de oportunista, é covarde, porque foge de uma violência que ele e seu partido cultivaram ao longo das últimas décadas. São os esquerdistas que tratam o policial como bandido, e os criminosos como vítimas da sociedade capitalista, lutam pelo desencarceramento em massa de condenados e cultuam vagabundos como ícones da resistência contra o estado opressor. A explosão da violência no Brasil é fruto direto da política de idolatria da bandidagem e demonização da atividade policial, com o consequente empoderamento (a esquerda adora essa expressão) das organizações criminosas. Essas políticas nefastas são inteiramente de responsabilidade dessa ideologia esquerdista que há anos domina os poderes constituídos e corrompe as mentes de administradores, legisladores, juízes e promotores de justiça.

Os criminosos que supostamente ameaçaram Jean são do mesmo tipo que matam, roubam, estupram, sequestram, traficam e ameaçam os brasileiros nas ruas e nas suas casas. Se Jean fosse coerente, não deveria ter medo do bandido que lhe ameaçou, mas sim compaixão. Não deveria empreender esforços para que esse bandido fosse investigado e punido segundo os ditames de um Código Penal reacionário, mas sim lutar para que lhe fosse conferido um tratamento progressista que preservasse a sua dignidade. Aliás, Jean poderia ter conservado o seu mandato para oferecer ao seu algoz um cargo comissionado em seu gabinete, livrando-o da pobreza, já que a justificativa número um da esquerda para o banditismo é a falta de oportunidades. Para ser coerente, Jean deveria ter ficado no Brasil e sofrer junto com todos os brasileiros as mazelas da violência que ele e seus companheiros promoveram nos últimos anos.

Pelo visto, o criador está com medo da criatura. Enquanto o bandido está solto na favela, a esquerda caviar reputa-o um pobre coitado e inofensivo. Mas quando o bandido bate na sua porta, daí nada melhor do que ligar para o 190.

(1) Narrado por Leandro Narloch e Duda Teixeira no genial “Guia politicamente incorreto da América Latina”, p. 148.


9 comentários:

  1. Espetacular como sempre suas opiniões muito perspicazes sobre a atualidade, meu eterno colega de colégio, jardim de infância... sou fã da tua análise, narrativa! Voto em ti amigo!

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  2. Análise muito acutilante. Fico feliz em saber que também é pesquisador e escritor. Passarei, doravante, a seguir o blog para deliciar-me com os textos que publicar. Tudo de bom querido amigo e promotor de justiça.

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  3. Parabéns Dr. Leandro, pela exposição, muito objetiva e realista. Essa política inversa que pune o policial e absolve o criminoso têm que ter um fim.
    Abraço. Wboone.

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  4. Texto maravilhoso e muito bem endereçado! Parabéns!

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  5. Eu nunca vi tanto tendenciosismo num texto só, além dos pequenos trechos em destaque estarem fora de contexto com o resto da "matéria"(se é que se pode chamar isso de matéria) incita uma falsa idéia de que esses países são como são por causa do comunismo, são como são mais por serem comandados por militares mal preparados para se posicionarem frente um mercado do qual eles não conseguem enxergar as mãos que movimentam as peças do jogo, seus leitores deviam saber que se eles tem piso salárial por categoria, férias e carga horaria semanal é graças a lutas iniciada por Marx. Esses homens que o senhor insiste em criminalizar e usar como imagem do progresso do socialismo é muito mais fruto do capitalismo desenfreado combinado com a cultura precinceituosa que vem sendo fomentada por esse presidente de hoje, seus sistema capitalista falido faz com que policiais aceitem que "molhem sua mão" pra não vistoriar a carga, um rapaz que não dinheiro pra comprar um tênis decente não teria pra comprar um fuzil israelense d 25 mil dólares sem um patrocinador da elite da sociedade com acesso e compreensão de um sistema de importação e logística, além de datas, nomes e dinheiro para as pequenas propinas necessárias até que essa arma chegue na mão de um "FAVELADO", e de um Ministério Público que não esteja interessado em resolver o problema e sim em usar a situação como propaganda para parte da população e manter sempre sobre controle o que deve ficar no foco da sociedade.

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    1. Respeito a sua opinião, mas ouso discordar. Grato pela contribuição para o debate.

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