quinta-feira, 22 de outubro de 2015
De qual moral a Presidente está falando?
A presidente Dilma Rousseff, em discurso no Congresso Nacional da CUT, no último dia 13, em São Paulo, defendeu o seu mandato sob o argumento de quem ninguém tem "força moral, reputação ilibada e biografia limpa suficientes" para atacá-la. É impressionante a capacidade que os governistas têm de criar uma ilusão e acreditar piamente nessa mentira.
É consabido que umas das estratégias dos governos totalitários é o uso da propaganda e do discurso oficiais para tentar criar realidades paralelas, quando as circunstâncias do mundo real não lhe são favoráveis. Nesse mundo imaginário, só acontecem coisas boas, ninguém erra, ninguém faz mal a ninguém, tudo é justificável, as notícias de jornais são mentirosas, a oposição é golpista, as instituições são corrompidas (menos, é claro, aquelas dominadas pelo partido do poder) e por aí vai... O governo federal é dominado há mais de 12 anos pelo mesmo partido. Nesse período, conseguiu-se a façanha de se produzir os dois maiores escândalos de corrupção da história republicana, quiçá de toda a história do Brasil, desde os tempos coloniais. No entanto, os governistas têm a desfaçatez de simplesmente negar os fatos. O mensalão redundou em condenações criminais inéditas no país. E olha que condenar alguém é uma tarefa hercúlea, considerando-se todas as benesses que as leis penais e processuais oferecem aos bandidos. Mesmo assim, políticos de envergadura, como ex-ministros e ex-deputados, foram julgados, condenados e presos em penitenciárias comuns. Mas os governistas negam até hoje a ocorrência dos crimes. Até as prisões, transmitidas ao vivo pelas redes de TV, foram interpretadas como prisões políticas, na vã tentativa de glorificar os criminosos.
Agora, depois de sucessivas etapas vencidas da operação Lava-Jato, já não há apenas investigações em curso. Diversos réus já foram denunciados e alguns condenados, com base em depoimentos de delatores acompanhados de provas do esquema de corrupção que assaltava os cofres da Petrobrás. Mais de uma dezena de delatores, entre ex-diretores da empresa, políticos e empreiteiros, relataram os mesmos fatos: propinas pagas por empresários, contas abertas no exterior, empresas laranja, malas de dinheiro, etc. etc. etc. Perceba-se que os delatores não são testemunhas ou informantes do Ministério Público. São réus confessos! Tanta gente já foi presa na operação que é difícil lembrar de todos os nomes. Mas dois deles são expoentes do partido do governo: José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil, e João Vaccari Neto, nada menos do que o ex-tesoureiro do partido. Ambos estão presos há meses. Apesar de tudo isso, o governo ainda insiste em dizer que não existe petrolão. Tudo invenção da imprensa, do Ministério Público, do Judiciário e, óbvio, dos delatores.
Recentemente, o Tribunal de Contas da União conclui que as famigeradas "pedaladas" fiscais existiram de verdade. Estão provadas pelas operações registradas no orçamento da União. Mais uma vez, a tropa do governo se apressa para dizer que tudo isso é invencionice daqueles que não se conformam com a derrota nas eleições.
Na campanha eleitoral, a presidente Dilma Rousseff prometeu crescimento econômico, redução de juros, controle da inflação, ampliação dos programas sociais, geração de empregos e investimentos em infra-estrutura. Obviamente, quem acompanhava a economia brasileira e mundial sabia que nada disso era verdade. Hoje, o que se tem é justamente o contrário: elevação dos juros, inflação galopante, desemprego em alta, redução de investimentos, entre outras catástrofes econômicas e financeiras. E o governo afirma que está tudo bem!
Seria, então, o caso de internar todas as pessoas que acreditam na existência da corrupção organizada no governo federal, nas "pedaladas fiscais" e no arrocho econômico? São todos loucos desvairados? Só os governistas estão no gozo perfeitos das suas faculdades mentais?
A Presidente tem uma visão de mundo meio esquisita, pois sempre vê cachorros ocultos atrás de crianças e acredita que estocar vento é a solução para a crise energética. Diante dessas bizarrices, não se pode afirmar com certeza o que ela entende por "moral", "reputação ilibada" e "biografia limpa". Deve ser algo muito diferente do entendimento ordinário das pessoas. Se a moral a que ela está se referindo é aquela que orienta as ações do governo federal, talvez seja mais fácil identificar quem não tem moral e reputação ilibada para atacá-la. Certamente, os seus correligionários não têm.
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