Nessa semana, a tragédia
provocada pelo Terremoto no Haiti completa cinco anos. Desde então, em razão da
destruição daquele país, muitos haitianos têm emigrado para outras nações em
busca de trabalho e melhores condições de vinda. O Brasil, por suas
oportunidades, tem sido um destino muito procurado por esses e outros imigrantes.
O ingresso de estrangeiros tem sido motivo de preocupação de autoridades
governamentais e da população em geral. Porém, como tudo na vida, dependendo do
ponto de vista, longe de ser um problema, os imigrantes podem ser a solução
para uma dificuldade enfrentada no mercado que pode ser uma trava para o
crescimento do país: a falta de mão de obra.
Exemplos dessa carência não
faltam. O signatário comprou um ar condicionado do tipo split no final de
dezembro e, para instalar o aparelho, procurou a rede autorizada da marca
adquirida. Um dos prestadores de serviço só tem agenda para meados de fevereiro
de 2015; outro, só para a segunda quinzena de março de 2015. Considerando-se
que o Brasil ainda é um país capitalista (por enquanto, pelo menos...), a
pergunta óbvia é a seguinte: se há tanta demanda, por que diabos não contratam
mais funcionários, a fim de expandir o negócio? Resposta da atendente: não tem
gente. Como? Há quatro meses a empresa tenta contratar técnicos para
instalação, mas simplesmente não consegue preencher as vagas. Telefonei para
outro estabelecimento, mas ninguém atendeu as ligações feitas no horário
comercial. Descartando-se a hipótese de férias coletivas – já que seria uma
idiotice sem tamanho uma empresa instaladora de ar condicionado dar férias aos
seus funcionários em pleno verão – concluo que a vaga de atendente telefônica dessa
empresa decerto também deve estar aberta.
No ramo alimentício, a realidade do
mercado é igualmente dura. Outro dia um amigo foi almoçar em um restaurante que
costumava frequentar. Ao chegar ao estabelecimento, surpreendeu-se com as
portas fechadas. Pensou que pudesse ser por um motivo excepcional. Ledo engano.
Em conversa com o proprietário, descobriu que o restaurante havia sido fechado
em definitivo. O motivo? Falta de funcionários. Isso mesmo, o restaurante
fechou não por causa da crise econômica que assombra o Brasil. Ao contrário, o
empreendimento estava indo de vento em popa, mas precisou encerrar as portas porque
não tinha gente interessada em trabalhar.
E não são só as empresas que
sofrem com a falta de mão de obra. Quem precisa de empregada doméstica ou
diarista paga seus pecados tentando contratar alguém para esse mister. Se
exigir oito horas de trabalho, então, impossível. A jornada da diarista nas
grandes cidades é das nove até duas, no máximo três da tarde. Lavar e passar
roupa há muito são consideradas atividades extraordinárias, de modo que é
preciso pagar separadamente. Daqui a pouco vão cobrar a limpeza por cômodo...
É o preço que se paga por uma
economia de quase pleno emprego. Mas não é só isso. Esse estado de coisas é
também um pouco reflexo da criação de uma geração de jovens que não têm
estímulo para trabalhar, tanto que foi apelidada de “nem-nem”, porque nem
trabalha, nem estuda. Na verdade, são adultos sustentados pelos pais, mesmo
muito tempo depois de completarem 18 anos, alguns até depois de casarem. Passam
o dia em casa vidrados em seus smartphones e tablets, conectados 24h nas redes
sociais. Tudo, logicamente, bancado pelos pais, desde os aparelhos até a
conexão à internet. Com tanto conforto, só um louco pensaria em sair de casa
para trabalhar. Por outro lado, os programas governamentais assistencialistas são
também um convite a vadiagem, já que um dos requisitos para receber as bolsas de
auxílio é justamente não ter renda, ou seja, não trabalhar. Como esses
programas não têm prazo de validade, transformam-se em uma espécie de aposentadoria
antecipada para aqueles que não cultivam o repugnante hábito de trabalhar. Isso
para não falar dos benefícios previdenciários como auxílio-doença, que, no
Brasil, viraram sinônimo de férias prolongadas. Nunca antes na história desse
país se viu tanta gente deprimida. Estranho que, em muitos casos, a depressão
só impede o sujeito de trabalhar. Fazer festa, beber, curtir uma prainha,
viajar, postar selfies nas redes sociais... essa é a rotina de um moderno
deprimido. Uma depressão assim é o sonho de muita gente!
Nesse contexto, a vinda de
imigrantes, longe de despertar uma preocupação, deve ser considerada uma dádiva
para a nação. Um amigo, que é chef da cozinha de um restaurante, já contratou
alguns haitianos para executarem serviços gerais. E confidenciou: diferentemente
dos locais, os estrangeiros têm demonstrado uma predisposição ao trabalho
incrível. Não tem tempo ruim com eles. Como se diz, são pau para toda obra. O
Brasil precisa muito de gente assim. Por isso, sejam muito bem-vindos os
imigrantes!
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